sábado, 17 de julho de 2010

A Sustentação das Reciprocidades

"Aquele que dorme e desperta, desperta e vê que é homem. Aquele que é vivo e morre, desperta e vê que é Espírito." (Victor Hugo)

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar. Dependerá daí, o grande ser realmente grande ao ponto de ser capaz de prostar-se diante do pequeno como um aprendiz, e o pequeno não cair na estupidez de querer parecer maior do que é.

Nós nascemos puros, a ingenuidade é a característica da criança, então crescemos e aos poucos vamos nos lapidando como sujeito individual. Mas então... por que perdemos nossa naturalidade?

Ao nascer, saímos incólumes ao desconhecido, precisamos de chorar para viver, abrir nossos pulmões e respirar a fumaça do mundo. Reconhecemos nossa mãe em meio ao caos, sugamos de seu peito, mas também aprendemos a andar com nossas próprias pernas. Já fizemos isso uma vez, mas conforme crescemos nos vangloriamos por possuir qualidades erradas, mistificamos palavras para parecermos mais sábios e acreditamos ter controle sobre nossas coisas efêmeras antes mesmo de compreender que o princípio de todo esse equilíbrio é o movimento.

Quão profundo é esse nosso saber? Como uma dialética interna, nós nunca saberemos enquanto não pararmos pra pensar a respeito daquilo que a gente já sabe. Quando definimos algo, encerramos a idéia de uma coisa dentro de seus justos limites. Levantamos a cabeça para olhar para o céu e nos esquecemos de que a Terra é redonda, e que assim sendo, o céu que se abre acima de nós também está abaixo de nós!

"Todas as religiões foram verdadeiras para o seu tempo. Quem for capaz de reconhecer o aspecto não perecível da sua verdade e separá-lo do que é circunstancial, terá aprendido isso" (Joseph Campbell)

Vamos a uma velocidade de 112 mil km/h. Necessitamos de nos reciclar continuamente, ter humildade para reconhecer que o que é certo para nós não necessariamente é certo para o outro, de que em meio a tantas verdades e mentiras ainda somos capazes de colocar em prática a valiosa lição que nos diz que: "Ser gentil é mais importante do que estar certo"

Saber que o fracasso de uma paixão não é o fracasso do Amor, assim como o fracasso de um casamento não é o fracasso do Matrimônio. De que não podemos escolher a forma como nos sentimos, mas que podemos escolher o que fazer a respeito. Tomar as rédeas da vida e da mesma forma como já fizemos uma vez, enfrentarmos o desconhecido com a coragem de um Deus latente. Ter consciência de que deixar-se levar pela vida não é o mesmo que fechar os olhos e seguir em frente dotado de uma coragem imprudente, e sim, que seguir de olhos abertos e não nos frustrarmos quando não vemos nosso desejo realizado é a forma mais correta de interpretarmos a expressão "Carpe Diem" vendida em lojas de conveniência.

O essencial é invisível aos olhos, o sentido da árvore não está apenas em seus frutos, mas também em suas raízes. Temos de analisar honestamente aquelas coisas que podemos até gostar, mas que não faz mais sentido prático em nossa existência. Viver o Hoje sem a expectativa do amanhã. Expiar nossa sombra projetando Luz sobre ela até o ponto em que consigamos perceber que ser rico não é ter mais, é precisar de menos... E que quando paramos de esperar por aquilo que as pessoas não podem nos dar, começamos a aproveitar aquilo que elas podem nos oferecer.

"Os que não conseguem sentir a pequenês das grandes coisas em si mesmos tendem a não notar a grandeza de pequenas coisas em outros" (The Book of Tea)

Olhar dentro de nós mesmos não é nada fácil e a iniciativa só pode vir de dentro. Nesse momento não estamos sendo chicoteados por obrigações mundanas, pelo olhar triste de uma mãe ou a pesada mão de um pai. Para mergulharmos no mar e sermos engolido pela baleia de Jonas, devemos compreender a extrema urgência que tal ato representa. Hoje, não adianta mais pensar que fazer nossa parte é suficiente, necessitamos de uma sinergia de ações, da sustentação das reciprocidades. Se conseguirmos sair desse inferno astral, nos tornaremos mais próximos da realidade, teremos concebido a idéia de que qualificando nossa vida naturalmente qualificamos o meio onde vivemos.

Terminado o tormento não devemos parar por aí, façamos circular o que aprendemos a serviço da vida, caso contrário, se não colocarmos em prática de que outra forma poderemos dizer ter aprendido alguma coisa? De nada adianta as promessas de um mundo melhor se tais palavras não virem seguidas de ações. Daí nasce as diferenças cruciais entre Conhecimento e Sabedoria.

"Aquele que busca a perfeição deve descobrir na sua própria vida o reflexo da luz interna" (The Book of Tea)

Ou talvez a Vida seja apenas uma expressão, onde nossas ações inconscientes são as traições constantes do nosso mais íntimo pensamento.

Seja como for: Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida.

ck.

2 comentários:

  1. Nossa, acabei de viajar nesse texto. Demais. Ele encaixou perfeito na minha brisa. hehe

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  2. ahsieuahisea q bom, fico feliz!! na verdade escrevi esse texto brisado tbm hehe... mas as coisas q digo nele são super sãs =)

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